sexta-feira, 29 de maio de 2009

Escrevo para dizer tão-só que te queria.
Como se o tempo fosse um sentimento.
Bastava o teu sorriso de um outro dia,
nesse instante em que fomos um momento.
.
Dizer amor como se fosse proibido,
nos meus braços te enlaçar
como um livro devorado e nunca lido.
Será pecado, amar demais?
Esperar como se fosse (des) esperar,
essa certeza de te ter antes de ter.
*
Ensaiar sozinha a nossa arte de
fazer amor antes de ser.
Adivinhar nos olhos que não vejo
a sede dessa boca que não canta,
e deitar-me ao teu lado
com os pés dessa forma que te encanta.
*
Sentir falta por você não estar,
talvez por não saber
(percorrendo em silêncio esse altar
em sacrifícios pagãos de olhos tristes).
*
Ausência, sim.
Amor visto por dentro,
certezas ao contrário, por estar só.
Pesadelo no meu sonho noite adentro quando,
ao meu lado, dorme o que não sou.
E, afinal, depois o que ficou das noites
perdidas à procura de um resto de virtude
que passou por nós em co(r)pos de loucura?
*
Apenas mais um corpo que marcou a esperança
disfarçada de aventura...
(Da estupidez dos dias já estou farta,
das noites repetidas já cansada.
Mas, afinal, quando é que parto para começar,
enfim, este meu verso?)
*
No fim deste caminho de pecados
feito de desencontros e de encantos,
de palavras e de corpos já usados onde ficamos sós,
sempre, entre tantos...
*
Que fique como um dedo a nossa marca
e do que foi um beijo o nosso cheiro:
Tesouro que não somos.
*
Fique a arca que guardo o que vivemos por inteiro.
*
*
Maria Flor!

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