Nesta longa caminhada,
subindo a encosta da vida,
aprendo em cada passada,
a certeza de uma busca
perdida.
O corpo cansado dos passos
que deu,
a alma pesada pelos séculos
que perdeu.
Procuro encontrar o caminho
de volta à casa das palavras,
onde deixei escritos e fórmulas,
em épocas passadas.
Quero sentar, sobre a velha
cadeira,
pousar a minha mão sobre a
pena,
deixar nas páginas vazias,
o cheiro da tinta,
com sabor de palavras que
carrego.
Quero perder-me a contemplar da janela,
o luar, e a
floresta que desenhei,
sentindo o vento soprar.
Ao meu castelo quero voltar,
por lá deixei os sentidos,
que agora que ando perdida,
preciso encontrar.
Nas noites etéreas em que me
sento e descanso,
solto no vento o meu pranto,
deixo a alma vagar,
por todo este mar de
desencantos.
As telas não desenhadas,
campos estéreis,
esperam pela minha mão,
para desenhar sobre elas os
traços de ti,
que encontrei espalhados por
aí.
Em vidas, outrora vividas,
colhi as histórias,
sentimentos e palavras,
que carrego comigo,
sempre que regresso ao lugar
onde
um dia comecei a caminhar,
nesta busca perdida para te
encontrar.
Caminhos distantes, lugares
recônditos,
gravaram-me na alma o sabor
dos instantes,
o gosto de outros seres,
e os pedaços perdidos que de
ti fui encontrando
ao longo desta viagem imensa,
que mais uma vez chega ao fim.
Não existe final sem um novo
início,
e amanhã,
quando o Sol me despertar,
recomeçarei de novo a
caminhar.
Maria Flor✿ܓ
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Uma Florჱܓ com carinho