terça-feira, 12 de janeiro de 2010



Vai chover.

Ventos se avizinham

e enfiam sorrateiros

suas mãos de gelo

pelas frestas da roupa.


Levaram o sol embora.

Levaram o calor do sol pra outro lugar.

E também o azul da tarde.


Levaram daqui as sombras das árvores,

o rio, uns risos de criança.


O dia soa numa batida metálica

que me sobressalta.


Ouço uma sinfonia alta de silêncios entrecortados

por faca de prata no pêndulo do relógio.


Vai fazer frio.


As flores amarelas acastanham-se nos vasos,

despetalam-se como se chorassem sobre

a toalha manchada da sala.


Os lençóis já não esperam,

as ternuras se levantaram

e deixaram inscrito um amarfanhado

de inquietudes.


A casa tingiu-se de depois e tristezas

e nem o gato ousa procurar réstias de sol.


Sabe que hoje sol não há.


Hoje é dia de janelas fechadas,

de desassossegos e ausências.


Faz frio por dentro e chove em mim.

.

..

...

Maria Flor!

2 comentários:

  1. Os lençóis já não esperam,
    as ternuras se levantaram
    e deixaram inscrito um amarfanhado
    de inquietudes.
    Metáforas belissimas onde tu encontras ess~encia nas palavras.
    beijos

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  2. Poxa que lindo...
    Chega a doer o coração...
    Um dia triste uma alma triste...
    Bjos querida e tenha dias de sol

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Uma Florჱܓ com carinho