Aninho-me aqui, perdida de mim, olhando as estrelas
e sentindo o aroma da saudade.
Aninho-me na ausência das palavras e de abraços
e sou apenas um pedaço de qualquer coisa que não
sabe onde deixou o espaço ou o sentir.
Abandono-me aos orvalhos soltos da noite que me
escureceu os beijos e não procuro as salivas que
ficaram nos cantos da boca porque não lembro
mais o sabor.
Atravesso a língua no deserto dos meus lábios para que
não gritem as palavras que proferir, ao viajar pelos
jardins de margaridas já sem o branco das pétalas
e murchas pelo cansaço.
Se não fosse este aroma das maçãs verdes que se
desprende da chuva e não aguentaria o terror do silêncio
que me prende o respirar ao longo do caminho em busca
do amanhecer.
Gritaria se não temesse o eco no retorno da solidão!
Permaneço apenas, mas não quero sentir o reflexo dos
sonhos mortos e o cheiro putrefato das flores acumuladas...
Quero apenas um chão verde onde o meu corpo possa
vestir o contraste e não sinta mais nada.
Maria Flor!
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Uma Florჱܓ com carinho