sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

"Maçãs Verdes"

Aninho-me aqui, perdida de mim, olhando as estrelas e sentindo
o aroma da saudade.

Aninho-me na ausência das palavras e de abraços e sou
apenas um pedaço de qualquer coisa que não sabe onde deixou
o espaço ou o sentir.

Abandono-me aos orvalhos soltos da noite que me escureceu os beijos
e não procuro as salivas que ficaram nos cantos da boca porque não
lembro mais o sabor.

Atravesso a língua no deserto dos meus lábios para que não gritem
as palavras que proferir, ao viajar pelos jardins de margaridas
já sem o branco das pétalas e murchas pelo cansaço. 


Não fora este aroma das maçãs verdes que se desprende da chuva
e não aguentaria o terror do silêncio que me prende o respirar ao
longo do caminho em busca do amanhecer.

Gritaria se não temesse o eco no retorno da solidão!


Permaneço apenas, mas não quero sentir o reflexo dos sonhos mortos
e o cheiro putrefato das flores acumuladas...

Quero apenas um chão verde onde o meu corpo possa vestir o contraste
e não sinta mais nada.


Maria Florܓ

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Uma Florჱܓ com carinho