Aninho-me
aqui, perdida de mim, olhando as estrelas e sentindo
o
aroma da saudade.
Aninho-me
na ausência das palavras e de abraços e sou
apenas
um pedaço de qualquer coisa que não sabe onde deixou
o
espaço ou o sentir.
Abandono-me
aos orvalhos soltos da noite que me escureceu os beijos
e
não procuro as salivas que ficaram nos cantos da boca porque não
lembro
mais o sabor.
Atravesso
a língua no deserto dos meus lábios para que não gritem
as
palavras que proferir, ao viajar pelos jardins de margaridas
já
sem o branco das pétalas e murchas pelo cansaço.
Não
fora este aroma das maçãs verdes que se desprende da chuva
e
não aguentaria o terror do silêncio que me prende o respirar ao
longo
do caminho em busca do amanhecer.
Gritaria
se não temesse o eco no retorno da solidão!
Permaneço
apenas, mas não quero sentir o reflexo dos sonhos mortos
e
o cheiro putrefato das flores acumuladas...
Quero
apenas um chão verde onde o meu corpo possa vestir o contraste
e
não sinta mais nada.
Maria Flor✿ܓ
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Uma Florჱܓ com carinho