sábado, 12 de junho de 2010

"Vazio de uma Alma"



Naquela noite mergulhei no Mistério,
ao som do tambor de mais
uma jornada nas montanhas.
entrei no vazio,
no tempo entre os tempos,
onde pedaços de realidades
soltas na memória juntaram para
fazer sentido e dar mais sentido
à minha história.

Naquele espaço,
onde os mundos se encontram

e onde a razão não é soberana,
a Alma pode me mostrar do que

eram feitos os meus medos
de onde vinha minha Fé.
Ponto a ponto minha realidade
foi costurada a muitas realidades
já vividas.
E como peças de um quebra cabeça,
foram fazendo cada vez
mais sentido.
Até que uma peça chave chegou em forma
de um ritual Sagrado.

O fogo que permeia os tempos uniu nossas
histórias e nossas vidas.
A síntese aconteceu e trouxe consciência
do vazio.
A realidade do agora me acenou a partir
de uma lágrima que queria escorrer
pelo meu rosto trazendo-me de volta.
Mas por um pequeno espaço de tempo,
me vi entre as duas realidades:
Essa daqui e de agora,
onde não existem os limites do
presente -passado - futuro.
A daqui pedia pressa para enxugar a lágrima.

A também daqui e de todos os tempos e lugares
recebia serena a lágrima.
Sem "ter que fazer" nada para impedi-la
de escorrer pelo rosto,

cumprindo o seu trajeto
até o coração – a alma.
Nesse pequeno intervalo

suspenso entre os tempos,
entre a lágrima e o vazio

escutei ao longe a música
que tocava:

Calma
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu

Aceitei... Calma...

A lágrima escorrer o seu caminho
até o coração da alma,
sentindo esse movimento na pele,
como se essa lágrima,
limpasse toda dor já vivida
pelo meu rosto,
que já foram tantas.
Senti a pequena gota salgada
fluindo suave lavando
com Luz todos os espaços
já caminhados...

A música e a lágrima continuavam
seu caminho para o coração...

Não somos o que queríamos ser...
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo...
Como a idade do céu
Calma!

Só um momento vazio que se perde no espaço
e ancora na alma...

Maria Flor
ჱܓ

(texto inspirado na música Idade do Céu de Paulinho Moska)

2 comentários:

  1. Belíssimo poema e a imagem é de encantar também!
    beijo, linda semana

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  2. Oi, Maria Flor,

    "Não somos o que queríamos ser..."
    Lindos versos compondo a harmonia e desarmonia do amor...

    bjs

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Uma Florჱܓ com carinho