sábado, 6 de junho de 2009

Não esquecerei que a morte é sólida,
a vida é líquida e certa.
Me lembrarei que lágrimas são salgadas e sólidas,
mas os sorrisos são líquidos:
deixam brisa amena e lembrança de sabonete.

Nuvens são sonhos e como todo sonho que se preze, sólido.
Montanhas são líquidas: escorrem sob o olhar.

Amizade é sólido, vale quanto pesa.
O amor, ah! o amor é líquido,
escoa pelo ralo.

Paixão é uma coisa talvez liquórica:
meio sólido, meio líquido, em estado gaso(zo).

Todo homem é sólido perante a liquidez feminina.
Sólido é o jazz que toca enquanto meus pensamentos
marejam líquido.

Os cremes são líquidos, o castigo é sólido.
A poesia é sólida, por si só fala:
O poeta é líquido mole,
tanto bate até que fura pedra dura.

A semana é líquida e corre solta.
Domingos são sólidos e pachorrentos.

A memória é líquida e preguiçosa,
não carrega sólidos:
enquanto a alma é líquida porque levita.
O meu olhar é líquido e inaugural:
amolece e garoa.

Felizmente, todo sólido é líquido
porque tudo que é sólido se desmancha no ar,
de onde se prevê que nada tem relevância,
tudo é líquido e vai pro brejo.

Maria Flor!

Um comentário:

  1. UM PEDIDO;Por favor escreva mais.Existe tanta coisa imprestável na internet e você com esta sensibilidade, pouco acrescentar muita qualidade.

    Belissima poesia. Belissimo texto.

    Serei seu seguidor.

    Um abração carioca!!!

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Uma Florჱܓ com carinho